Carnaval 2019: A Fé que emerge das Águas

O enredo da Estácio de Sá em 2019, intitulado A Fé Que Emerge Das Águas, foi uma narrativa carregada de fé, religiosidade, superstição e muita sensibilidade. Concebido pelo jovem carnavalesco Tarcísio Zanon, o enredo trouxe à tona a história do Cristo Negro, uma estátua de madeira de tamanho natural que, segundo a lenda, foi encontrada por pescadores próximo ao litoral de Portobelo, no Panamá. A sinopse, escrita pelo jornalista Daniel Targueta, transportava o público para o misticismo e a devoção em torno dessa imagem sagrada, cuja origem incerta está envolta em lendas e milagres.

De acordo com a versão mais conhecida, a estátua estaria sendo transportada da Europa quando o navio enfrentou uma tempestade e foi forçado a parar em Portobelo. Após dias sem conseguir seguir viagem, os marinheiros, acreditando que a presença da estátua era a causa do mau tempo, lançaram-na ao mar, o que resultou em uma calmaria imediata. A estátua foi então recuperada por pescadores e levada a uma capela, onde permaneceu até ser transferida para a Igreja de San Felipe. O enredo da Estácio abordou essas crenças populares e a devoção dos habitantes locais, que viam na estátua uma aparição de Jesus, e atribuíam a ela o fim de uma epidemia que assolava a região.

O enredo também fez uma conexão profunda com a cultura brasileira, ao relacionar a figura do Cristo Negro à diversidade racial do Panamá e à história do Brasil. A sinopse, escrita em forma de oração, envolvia o público em uma mensagem de esperança e compaixão, destacando Jesus como um símbolo de proteção e cuidado pelos mais necessitados. A conclusão da narrativa evocava a necessidade de encarar o presente com valentia e o futuro com esperança, num momento em que crises e desafios eram constantes, tanto no Brasil quanto no mundo.